Dor…

o-jovem-e-o-sabio

A dor não pede licença, não é o tipo de amigo que você convida para sair no sábado à noite. Ela simplesmente vem. Você acorda, mais um dia normal, e ela esta lá, na porta do seu quarto te esperando com uma noticia ruim. Péssimo habito da dor, sempre da uma noticia ruim antes de aparecer. Você fica se perguntando: O que foi que você fez? Será que levantei com o pé esquerdo hoje? Mas, a dor não é supersticiosa, ela não liga se você levantou com o pé direto, esquerdo ou se deu um mortal da cama e caiu no chão com os dois pés juntos. Ela só vem e, ela fica, às vezes por algumas horas, uns dias, semanas, meses. Você à manda embora várias vezes, mas, quanto mais você pede, mais ela insiste em ficar.

A dor não liga pra você, ela só quer te ver jogado na cama com o quarto escuro pensado que o mundo lá fora não faz mais sentido. Ela se sente bem assim, não importa o quanto chore ou o quanto você finja que está bem, a dor está lá e ali pretende ficar. Só resta a você uma caçada desenfreada em busca da felicidade e você até encontra com ela às vezes, mas, ela fica por um minuto ou dois e depois vai embora correndo como se estivesse se rendendo a dor.

O mais engraçado é que a dor une mais as pessoas do que a felicidade. É difícil quando você fala que sente dor para alguém, todos tentam te dizer algo reconfortante, ou sempre acaba virando uma disputa de quem sente a maior dor. Todo mundo tem uma dor a compartilhar, todos querem lembrar de alguma dor que tiveram e vão lhe usar como bode expiatório. Todo mundo sabe que a dor vem, quando a felicidade se vai e no fundo, não tão fundo assim, todo mundo sente prazer em dizer: Minha dor é maior que a sua.

– Oi, o que ta fazendo?

– Só sentindo dor e você?

– Nada, só quero ir tomar um sorvete. Ta afim?

– Pode ser. “Bom, talvez a dor possa esperar mais um dia ou dois, afinal, ela não tem pressa para ir embora, não deve ter para me encontrar.”

– Larga esse caderno e vamos logo.

– Ta bom.

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